
Quando Luan Roger resolveu colocar a mão na massa para o plantio de laranja, um dos produtos que planta no pomar de apenas um hectare, localizado no assentamento José Eliseu Santos, município de Rio Real, não fazia ideia do quanto poderia evoluir com a ajuda de uma capacitação técnica.
Ao absorver conhecimentos para a prática, conhecimentos esse que chegaram por intermédio de um trabalho do sistema Faeb/Senar, o qual orienta agricultores do Estado para melhores resultados na produção.
No caso de Luan, antes dos cursos de capacitação, os resultados com o plantio não apareceram, o que levou o agricultor a ter um período de prejuízos.
"Eu não conhecia o trabalho e quando tive a oportunidade, durante um evento na cidade de Rio Real, resolvi absorver e aplicar as práticas passadas pelos técnicos. Com isso, os resultados na lavoura não demoraram e consegui evoluir no meu objetivo", disse Luan.
Na área plantada são 400 pés de laranja, entre outras espécies.
"Aprendi a colocar tudo na ponta do lápis, bem como aprimorei o manejo. Já colhi mais de 5.000 kg de laranja desde o início do plantio. Em 2024 consegui fazer uma renda de R$ 7 mil reais", reiterou Luan Roger.
Lucros que também vieram para o agricultor Reginaldo Nascimento, uma vez que o filho Gabriel, teve a oportunidade de receber as capacitações. Seu Reginaldo conta que Gabriel não tinha atingido a pontuação para receber o curso e herdou o lugar de uma pessoa que não tinha terras no local, o que seria pré-requisito para participar da capacitação. Sendo assim, Gabriel, que é engenheiro civil, ajudou ao pai com os conhecimentos obtidos.
"Resisti um pouco em deixar meu filho me ajudar. Percebi que ele poderia fazer isso, já que tinha recebido a capacitação. Hoje ele é engenheiro civil, e mesmo distante lá do Sul da Bahia, em Itabuna, me ajuda nessas orientações", conta.
Reginaldo tem quase seis hectares de área plantada diz ter enfrentado problemas com a escassez de chuva.
"Hoje tenho quase 3 mil pés de laranja. De vez em quando eu ligo para Gabriel quando surge alguma dúvida pega o meu caderninho e o lápis e vou anotando tudo".
O nordeste Baiano tem sido o principal fornecedor de frutas cítricas do Estado. No município de Rio Real estão localizados pomares que estão contidos na chamada 'Rota da Laranja'.
Tanto Reginaldo, quanto Luan Roger, bem como qualquer agricultor enfrentam as dores de cabeça com as pragas. Uma delas é a estrelinha, por exemplo, que é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum acutatum durante o período de florescimento das plantas cítricas. O fungo infecta as pétalas e o fruto formado a partir das flores e cai precocemente, deixando apenas o cálice retido na planta, um disco floral que se parece com uma estrela.
O engenheiro agrônomo do Pomar Ouricuri, Marciel Germano, diz que todo o controle é feito no local, bem como o auxílio nas orientações que são disseminadas no entorno das propriedades.
"As informações são compartilhadas e isso ajuda a região se potencializar cada vez mais". É não olhar só para nosso umbigo, como também auxiliar a quem está no mesmo barco", afirmou.
O deputado estadual, Eduardo Salles (PP), ex secretário de Agriculura do Estado da Bahia, diz que o Estado tem matéria-prima de qualidade e um grande mercado consumidor no mundo, bem como um enorme potencial de crescimento da produção de laranja, já que a Flórida, no USA, São Paulo e outras regiões do planeta sofrem com a infestação do Greening, entre outras pragas. Nosso Estado pode suprir a demanda, e gerar milhares de empregos, já que está livre dessas doenças e pode avançar muito com a nossa citricultura", relembrou.
Á época como secretário de Agricultura, identificamos que o Greening, causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. e disseminado pelo psilídeo Diaphorina citri, responsável por causar um enorme estrago nos pomares de São Paulo, maior produtor brasileiro, poderia colocar em risco a citricultura baiana, uma vez que o Greening não tem cura e a planta, uma vez contaminada, não existe a possibilidade de eliminar a bactéria, que age como fonte de inoculo para contaminar o restante do pomar. Proibimos importação de mudas oriundas de São Paulo e outros estados, e elas precisavam ser feitas na Bahia, reiterou.
E-Agro
Para reforçar as soluções no segmento, a terceira edição da feira de tecnologia agrícola e-Agro, realizada, entre os últimos dia 7 e 9 de novembro, no Centro de Convenções de Salvador, discutiu o papel do agronegócio.
Humberto Miranda, presidente do Sistema Faeb/Senar/Sindicatos ressaltou o que representa a e-Agro como local de vitrine para pequenos e grandes produtores.
“O agronegócio da Bahia representa mais da metade do PIB do estado. A gente traz também as tecnologias e conhecimentos que ajudam não só o agricultor como toda a sociedade,” finalizou Humberto.

0 Comentários